“É preciso dar voz a quem faz o
basquetebol”
Lula Pereira
Na década de 80, o basquetebol alegretense teve um de seus momentos mais intensos. Motivados pelas transmissões dos jogos da NBA através da TV Bandeirantes. Era comum encontrar nas quadras esportivas da cidade a juventude praticando o esporte da bola laranja. Dessas quadras se formaram bons atletas e apaixonados pela modalidade.
Aproveitando a projeção do
basquete a nível nacional e sua pretensa popularidade, as escolas estaduais também
formaram suas equipes. Lauro Dorneles, Emílio Zuneda, Oswaldo Aranha, Demétrio
Ribeiro, travaram grandes duelos em quadra, demonstrando nas competições que se
sucederam uma qualidade técnica ainda em desenvolvimento. A rivalidade
prevaleceu por muito tempo, e é lembrada por quem teve a oportunidade de
vivencia-las.
Entre essas primeiras competições e os anos
2000, houve um hiato que acaba por colocar a modalidade em segundo plano. Porém,
a modalidade não foi esquecida e seguiu seu percurso de difusão. Muitos atletas
oriundos dessas equipes escolares seguiram “jogando o jogo”.
É notório que em cidades vizinhas
o basquetebol se manteve em atividade, incentivadas por clubes, escolas e até
mesmo por associações específicas, aguardando melhores momentos à modalidade. Em
Alegrete, apesar de não existir nada neste sentido, essa resistência foi
mantida por poucos apaixonados pela modalidade.
Após este longo hiato, o
basquetebol alegretense teve a grande oportunidade de se recolocar no cenário
regional. O processo seria longo, e requeria muito trabalho e boas relações com
as equipes em atividade e clubes mantenedores, aprendendo com suas
experiências, e adequando a nossa realidade.
O desenvolvimento desse projeto
nos desafiava e nos colocava a obrigação de irmos além das quadras. Estudamos,
debatemos e montamos a estratégia a adotar.
Talvez não fosse a melhor, mas
tínhamos certeza de que seria naquele momento a possível, dentro do cenário que
tínhamos e conhecendo nossas limitações.
As primeiras competições organizadas
pela U-BASQ deram o “start”
para a retomada da modalidade. Nos dois primeiros eventos realizados na quadra
da escola Demétrio Ribeiro serviram como um ensaio para o que seria a
regionalização e a profissionalização das competições, mesmo essas tendo um
caráter amador. Naquele momento Alegrete começava a inserir-se no calendário
regional do basquete.
Os contatos estabelecidos com as
equipes da região foram positivos e nosso intento foi acolhido de forma
positiva. Para nossa surpresa mais do que o esperado, pois equipes do Uruguai e
Argentina se mostraram dispostos a participar, além das equipes de outras
regiões, inclusive da grande Porto Alegre. Já sabíamos de antemão, de que
naquele momento era necessário “correr” atrás de apoio, pois um evento de
caráter internacional exigia.
Nessa caminhada obtivemos bons e pontuais apoios,
o que possibilitou recebermos em Alegrete, seis delegações vindas de diversas
regiões do estado e duas delegações estrangeiras. O sucesso daquele final de
semana repercutiu positivamente e nosso evento foi noticiado por diversos
órgãos de imprensa.
Contudo não nos damos por
satisfeitos, e a busca de melhorar a receptividade e nossa estrutura nos
colocou em uma nova tarefa.
Pois mesmo com o sucesso obtido, tínhamos a
convicção de que poderíamos melhorar. E isso nos colocava além das quadras.
Precisávamos de um ginásio,
precisávamos de alojamento. Eram duas coisas que norteavam nossa pauta. A busca
para comtemplar essas duas necessidades nos possibilitou formar boas e
irretocáveis parcerias. Duas em especial que temos a satisfação em nomeá-las:
Gabriel Feijó e Pedro Andrighi, Secretaria de Turismo e Esporte e Lazer e Clube
Juventude, respectivamente. Enfim, tínhamos um ginásio em condições.
Estávamos convictos de que o
processo de amadurecimento da Liga Regional recém criada demandava tempo. Mesmo
assim a evolução nos parecia satisfatória. E com esta certeza realizamos uma
nova temporada, que mesmo não tendo o sucesso pleno, obteve a participação de
17 equipes e mais de 200 atletas.
O fair-play fora das quadras.
O que se percebeu após estas
duras batalhas em prol do basquete local, foi à falta do fair-play e o
comprometimento para com quem nunca se furtou há oferecer seu tempo para a
elevação da modalidade. Isso foi, e esta sendo o que mais nos debilitou na
construção do que vinha sendo executada de forma coletiva. O resultado disso tudo, foi à exclusão da
cidade do roteiro do basquete regional. Desenvolve-lo e fortalece-lo passa
inevitavelmente por inseri-lo neste contexto. No entanto esse trabalho foi
interrompido, por motivos alheios a nossa vontade. E é necessário deixar claro
que assumir o protagonismo requer comprometimento e respeito, sobretudo, pensar
o basquetebol além das quadras.
Lamentamos. Porém, não nos
daremos por vencidos. O histórico positivo do que havia sendo praticado de
forma transparente é nosso grande legado.
Luis Pércio
Dirigente U-BASQ
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