HISTÓRIAS ENVOLVENDO TRÁFICO, CRIMES, ALÉM DE GRANDES JOGADORES FAZEM PARTE DO JOGO DE RUA NOS EUA.
O basquete de rua não figura em Mundiais e nem em Olimpíadas. Muito menos tem uma liga profissional. Entretanto, nos Estados Unidos, é coisa séria e diz muito sobre a cultura do país. Por meio do esporte, jogadores e quadras viraram lendas, mesmo sem chegarem à NBA ou qualquer outra liga forte.
James "Fly" Williams uma lenda do jogo de rua. |
As praças têm suas próprias regras e costumes, que eternizaram o nome de James "Fly" Williams. Ele se notabilizou na década de 1970 por seu domínio nas ruas, onde marcava 50 pontos por tempo durante as partidas. As atuações trouxeram fama e também o respeito dos outros jogadores.
- Nós costumávamos chegar, e quem estivesse na quadra tinha que sair. Chegávamos ao parque e eles diziam: "Droga, eles chegaram!" Eles pegavam a bola deles e iam sentar na lateral para ver o espetáculo. Eles ficavam chateados com a nossa chegada, mas também ficavam felizes, pois vibravam o dia todo vendo as jogadas e as coisas que nós fazíamos. Eu cresci com os melhores. Nós costumávamos telefonar uns para os outros, perguntando quando iríamos jogar - disse o ex-jogador.
Assim como Fly Williams, outros escreveram seu nome na história das quadras de Nova York. Com a autoconfiança característica dos jogadores das ruas, "Pee Wee" Kirkland se destacou no Rucker Park e em 1968 foi considerado o melhor jogador da Associação Atlética Intercolegial pelo Norfolk State.
Selecionado pelo Chicago Bulls no draft, ele abdicou da NBA por uma vida de crime, como traficante, e acabou na prisão. Na penitenciária, onde a prática do basquete é comum, ele ficou conhecido por ter feito 135 pontos em uma partida. Já em liberdade, Kirkland se recorda com carinho de sua época de jogador, quando, segundo ele, revolucionou a modalidade.
Vejam como esta esse local..!!..uma partida envolvendo outra estrela do basquete de rua americano.. "Pee Wee" Kirkland(no detalhe)...podemos ter uma idéia da força cultural da modalidade nos Estados Unidos. |
- A minha geração, na época, mudou o basquete. Nós fomos de "pegar e conduzir" e "passar e se posicionar" para "fazer acontecer" do melhor jeito possível. Nós não deixávamos ninguém jogar por zona. Tipo: "Vá com tudo ou vá para casa". Nós criamos essas expressões naquela época, pois esta era a essência do jogo: cumprir o que prometeu. Me perguntavam, na Rucker, quanto eu ia marcar no dia, e eu dizia: "40 pontos". Era preciso tirar onda e se portar desse jeito. Essa é a diferença do basquete de rua. O importante era o orgulho. Era quem você era e quem você tentava ser - afirmou o ex-atleta, que ainda vive nas quadras.
Além do atrevimento, os jogadores têm em comum o jeito de falar e de se vestir. Para ingressar no grupo, é preciso se impor e não se preocupar em ir bem arrumado. Camisas de times da NBA são vistas com desaprovação e os apelidos são sinal de sucesso. Mesmo dispensada por muitos jogadores, a vaga na liga profissional permanece como um dos objetivos a serem alcançados nas ruas. E muitos conseguiram, como God Shammgod, que entrou na elite do basquete em 1997, no Washington Wizards. Ele ficou no time até 1999 e começou a rodar o mundo, atuando em países como a Polônia, China e Arábia Saudita.
- Eu ficava todos os dias no parque da Rua 45, jogando, jogando e jogando. Na época, eu costumava ficar nos parques do amanhecer ao anoitecer, eu não pensava em NBA e nem em nada. Eu nunca via os jogos da liga, porque estava sempre no parque. Então, para mim, o basquete de rua foi o principal fator que formou o meu jogo. Não havia nenhum Isiah Thomas ou gente assim. Eu não admirava esses jogadores e sim Malloy, Tip Dog, Future e todo o resto - disse Shammgod.
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