Bernard King foi um dos maiores ídolos da história dos Knicks, mas que nem sempre é lembrado devido a problemas fora das quadras e ao fato de viver em uma época de grandes estrelas.
“The King” chamava a atenção pelo o porte físico (2,01 metros, 93 kg), a facilidade de se impor dentro da quadra, a tremenda velocidade nos contra-ataques, ótimo jogo no garrafão e a excelente habilidade para finalizar ao redor da cesta. Ele brilhou no basquete universitário, defendendo o Tennessee Volunteers. No entanto, desde aquela época já mostrava problemas com bebidas alcoólicas e talento para se envolver em encrencas diversas fora das quadras.
Em 1977, ele foi recrutado pelo New Jersey Nets na primeira rodada (sétima posição) do Draft. Logo em seu ano de estreia, The King teve média de 24,2 pontos por jogo, a décima maior daquele ano, e 9,5 rebotes por partida. A segunda temporada também foi ótima, mas o ala foi trocado com o Jazz. Motivo: abuso de álcool.
Em Salt Lake City, King não conseguiu fazer nada, atuou apenas 19 partidas e em 1980 já foi negociado com os Warriors. No Golden State, a sua passagem durou dois anos, uma ida ao All-Star Game e em ambas as temporadas ele terminou com mais de 20 pontos de média por jogo. The King estava aparentemente longe dos problemas alcoólicos, sendo eleito como ‘’Jogador que Deu a Volta por Cima’’ em 1981.
Na temporada de 1982/83, King assinou com o New York Knicks, e deu uma virada em sua carreira. Foram quatro temporadas em Nova York, muitas atuações fantásticas (dois jogos seguidos com 50 pontos, contra Spurs e Mavs), atuações ótimas nos playoffs (média de 34,8 pontos por jogo na pós-temporada de 1984) e duas aparições no All-Star Game. Apesar do desempenho de King, os Knicks não conseguiram conquistar nenhum título.
Ainda em 1984, ele conseguiu média de 30 pontos por jogo e mais de 60% de aproveitamento nos arremessos durante 40 jogos seguidos. Recorde absoluto. Ninguém conseguiu esse feito. Ninguém. Nem Michael Jordan, LeBron James, Larry Bird ou Wilt Chamberlain.
O ápice de sua carreira foi em 1984/85. King estava mais dominante do que nunca, liderou a NBA em pontos por jogo (32,9) e foi sensacional no natal de 1984 marcando 60 pontos (recorde da franquia) contra os Nets. Era um show time toda vez que ele pisava os pés na quadra. “Bernard King foi o adversário mais difícil que eu já enfrentei em toda a minha carreira. Falo isso do meu coração”, diz Julius Irving, um dos maiores da história do basquete.
Porém, a magia parecia ter chegado ao fim em 23 de março de 1985. O jogo era Knicks x Kings, e Bernard King rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito. Se hoje, com toda a tecnologia medicinal disponível, jogadores que voltam de ligamento cruzado anterior não conseguem ter o mesmo ritmo atlético, imagine há 30 anos?
O resultado foi o mais devastador possível. King passou as próximas duas temporadas de molho. Durante a recuperação, o ala passava cinco horas por dia e seis dias por semana tratando de seu joelho. Além disso, ele ficou dois meses e meio no hospital e mais 90 dias na cadeira de rodas.
Em 1987 ele estava clinicamente recuperado da lesão, mas a velocidade, a explosão física e a arrancada para a cesta já não eram mais a mesma. O New York Knicks o dispensou e King acabou assinando com os Bullets. Em Washington, um dos maiores alas da história da liga foi muito produtivo. Em quatro temporadas, foi líder da equipe em pontos por jogo (17) e aproveitamento nos chutes de quadra (mais de 47%).
O que chama mais a atenção é que em 1991, com 35 anos e um joelho totalmente reconstruído, King foi o terceiro maior cestinha da NBA, com média de 28,4 pontos por partida. Isso lhe valeu mais uma participação no All-Star Game. Ele adaptou o seu jogo muito bem do jeito que poucos jogadores conseguiram fazer depois de uma lesão catastrófica.
Ele se aposentou ao término da temporada de 1992/93 após ter tido um ano discreto nos Nets.
Apesar dos problemas físicos e extraquadra, King sempre foi considerado um dos melhores jogadores no aspecto psicológico. O ala nunca se intimidava durante as partidas. Sempre exalando confiança, ele fala que sempre procurou ler livros sobre psicologia para entender a ele mesmo e as pessoas ao seu redor.
Isso foi fundamental para superar os obstáculos e conseguir um lugar no Hall da Fama. E seu legado só não foi maior porque ele viveu uma época em que havia muito talento pela NBA. E, tendo de disputar espaço com Kareem Abdul-Jabbar, Michael Jordan, Larry Bird, Magic Johnson e Julius Irving, ele nem sempre tem seu valor reconhecido. Mas agora ele tem uma estátua em Springfield para mostrar a quem duvidar.
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